
Na semana passada, a maravilhosa Aline Valek escreveu esse texto sobre a percepção do sucesso. Bateu forte por aqui, e em muita gente da comunidade. Não acho que seja por acaso. Na literatura, com essa necessidade inglória que os autores têm de promoverem suas obras (se a gente não faz, quem vai fazer?), as redes potencializaram a sensação de que estamos apostando corrida, ou mesmo fracassando nas coisas mais básicas. É no Instagram que descobrimos sobre o colega que ganhou um prêmio importante ou fechou com alguma grande editora, sobre o livro que foi para a segunda reimpressão no primeiro mês de lançamento, ou quem foi convidado para qual evento badalado. Enquanto isso, proliferam também as ofertas para dezenas de cursos que ensinam como publicar seu livro, como parir um best-seller em dez passos, como chegar lá. É um monstro feito de elementos muito pouco literários, que fazem a gente duvidar se é isso mesmo que queremos para nossa vida.
As comparações com o gramado do vizinho, no entanto, são injustas e devem ser evitadas a todo custo. Em primeiro lugar, porque cada escritor tem o seu próprio caminho, e esse caminho é feito de milhares de fracassinhos que não são expostos com a mesma frequência. Em segundo, e isso foi uma coisa que aprendi bem mais tarde, porque o meio literário brasileiro, como a vida, não funciona na lógica da meritocracia. Sem fazer qualquer julgamento de valor, há muito dinheiro e esforço de marketing envolvidos em certos fenômenos, inclusive entre os bookinfluencers que movimentam as redes, e o ponto de partida não é mesmo para todo mundo. Nunca foi.
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