Todo mundo que escreve sabe que existe um certo estranhamento na hora de tirar uma ideia do plano mental e colocar no papel. O potencial de uma história parece sempre maior quando ela nunca foi escrita, tudo é lindo dentro da nossa cabeça. Escrever azeda o caldo. Houve um tempo em que eu, frustrada pelos textos que já nasciam ruins, deletava tudo no meu computador, inclusive da lixeira. Poucos arquivos se salvavam da minha fúria. Não faço mais isso. Aprendi muitas coisas sobre o processo de criação e descobri que é nas gavetas que habitam as possibilidades mais sólidas de um projeto vingar. Se você apaga os próprios rastros, nunca vai ter a chance de se reencontrar.
Cada escritor constrói suas gavetas como bem entender. Há quem mantenha seu inventário no plano físico, inclusive, em grossos caderninhos recheados que depois são passados a limpo. Vivendo perigosamente, sou do tipo que não escreve em cadernos, e nem mesmo na nuvem, utilizando o Google Drive ou semelhantes. Todos os meus arquivos estão espremidos no HD do meu próprio notebook, de forma caótica e desorganizada, como tudo na minha vida. São nessas pastas que encontro todos os contos, romances inacabados, embriões de livros e ideias aleatórias que já tive. Uma vez, fuçando a lista em busca de inspiração, encontrei um arquivo nomeado “Esperança”. Abri e era apenas uma página em branco. Achei poético.
É importante guardar as coisas escritas, ainda que elas desandem ou não pareçam boas de cara. Uma dica importante é deixar a primeira versão de uma história descansar antes
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