Como mostrar mais e dizer menos?
O segredo está nos detalhes
Queridos leitores, este texto foi produzido com antecedência para o puerpério e é restrito aos assinantes pagos. Foi mal o paywall, não me odeie, por favor. Caso goste de me ler e queira contribuir com uma mamãe recente que não tem como trabalhar nesse período, você pode assinar a news aqui. Ou contribuir via PIX, a chave é meu e-mail: fabiane.c.guimaraes@gmail.com.
Você também pode apoiar o meu trabalho comprando e lendo meus livros. Conheça: Apague a luz se for chorar e Como se fosse um monstro.
Recebi a seguinte pergunta no formulário dos leitores, espécie de ouvidoria desta newsletter: “como mostrar mais e descrever menos no livro?”. Achei interessante fazer um texto a respeito porque é algo com o qual me deparo sempre no meu trabalho de leitura crítica. Acredito que a pessoa que fez essa pergunta estava se referindo ao famoso conselho de escrita gringo “show, don’t tell” (mostre, não fale). Um conselho um tanto quanto batido, como veremos a seguir, mas que é bem honesto.
Quando estamos escrevendo uma história de ficção, somos maestros do tempo narrativo. Podemos utilizar parágrafos inteiros para descrever uma barata na parede ou para matar toda a geração de uma família. Com as palavras, é possível aproximar ou distanciar os leitores dos acontecimentos. E os bons narradores sabem descrever com intencionalidade, criando atmosfera e conexão, alongando e direcionando o tempo conforme sua necessidade. Ou seja, a descrição é imprescindível para criar imagens na cabeça do leitor. Não é uma questão, portanto, de descrever menos, mas de descrever com precisão.
É muito comum que escritores que ainda não tenham tanta prática na ficção sejam econômicos na exploração dos cenários e rapidinhos “no gatilho” das cenas. Mas a literatura se constrói a partir de detalhes. Para isso, é preciso observar e narrar com calma.