caríssimo leitor, essa é uma edição fechada da newsletter, o que significa que logo ali tem um paywall desagradável. Peço mil desculpas por enviá-la a você, que tão encarecidamente cedeu sua caixa de e-mail a minhas palavras, mas é a amostra grátis que vende o perfume. Escritores precisam fazer seu corre. Não me odeiem por isso. Considere assinar, custa 9,90 por mês e mais textos como este estão a caminho.
Caso você não tenha conhecimento sobre o calendário dos grandes e notáveis eventos literários brasileiros, começou a Bienal de São Paulo e, logo mais, teremos mais uma edição da Flip. Eventos que acontecem no Sudeste, naturalmente, por isso contam com maior projeção de público e expectativa de vendas. Para qualquer autor, publicado ou não, é uma oportunidade única de conhecer pessoas, ver os leitores e trocar figurinhas com pessoas do mercado que podem te ajudar lá na frente. Apesar dos meus vagos desejos, eu não estarei em nenhum dos dois. Uma parte de mim lamenta muito, mas a outra parte, a que tem bastante consciência das escolhas que fez, sabe que está tudo bem, porque tenho feito o melhor que posso e continuo escrevendo apesar de tudo. O que já é muita coisa.
Toda vez que vou a um evento literário, seja participando de alguma mesa ou apenas como ouvinte, experimento na pele duas sensações paradoxais. Ao mesmo tempo em que sinto uma grande e caudalosa energia, que vem com a certeza de que a literatura é meu lugar, é o meu propósito no mundo, também sinto um esvaziamento, bate uma espécie de ressaca, porque alguns espaços são também a concretização de muitas ausências e há sempre no ar um vestígio de competição e interesse. A exposição, afinal de contas, cobra um preço. E não é um que estou disposta a pagar com frequência.
Há uns oito ou dez anos, inclusive, tive uma bad trip na Bienal do Rio de Janeiro que me fez questionar seriamente se queria ou não ser escritora.