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Verbena Cartaxo's avatar

Na época de bailarina, dando meus primeiros passos na casa dos vinte, a diretora da companhia onde eu dançava nos pedia para expressar com o movimento nossas maiores dores e criar a partir de feridas. Hoje percebo claramente o quanto isso me enchia de insegurança e insatisfação comigo mesma, porque, por mais que eu procurasse, não tinha feridas abertas das quais pudesse extrair algo.

A grande dor que eu carregava, o luto pela perda do meu pai, estava enterrada fundo demais, eu ainda não tinha maturidade para ser acessa-lá.

Confesso que criei certa resistência a essa ideia de criar a partir do sofrimento, de ficar cutucando a ferida até ela purgar. Sei lá. Existem outros horizontes para onde podemos olhar, outras águas onde a criatividade pode se banhar.

Sempre bom te ler, Fabi.

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pedro rabello's avatar

concordo muito com krenak quando ele diz que não quer aprender nada às custas de sofrimento. entendo que sofrer faz parte da vida (há situações inevitáveis que nos causam dor, como a morte de uma pessoa querida), mas não é por isso que devemos romantizar o sofrimento. acredito que tendemos a isso porque a experiência da dor costuma ser mais duradoura do que a da alegria: levamos mais tempo para nos recuperar de uma dor do que os instantes em que somos felizes. é fundamental entender, aceitar e processar o sofrimento, sem jamais fazer morada nele.

aproveitando o espaço... que cora venha em boa hora! =)

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