Na adolescência eu me achava muito esquisita, mais do que a média de estranheza que habita os seres humanos nesse período delicado. Havia indícios, corroborados pelos familiares, de que minha cabeça não funcionava de acordo. Eu não conhecia absolutamente ninguém que passasse tanto tempo pensando em pessoas inventadas e, para uma menina do interior de Goiás, isso era mais aparentado à loucura do que à imaginação. Fiquei me sentindo assim avoada até conhecer o Orkut e suas comunidades de escritores, lugares em que entendi quem eu era pela primeira vez. Como contei aqui, foi em uma dessas comunidades que conheci meu amigo Raphael, que mais tarde me apresentaria para a Companhia das Letras. A nossa comunidade se chamava O escritor e sua sinopse. Era um espaço para falar sobre nossas histórias e comentar a dos amigos, algo muito legal, porque escrever pode ser muito solitário se você não tem ninguém com quem conversar sobre isso. É uma coisa que você faz com o seu tempo, de graça e deliberadamente, e ninguém dá a mínima. Bom, estou aqui para oferecer um aconchego.
Nessa excelente entrevista, a minha agente Anna Luiza comentou sobre como é um erro comum de escritores o fato de não saberem se apresentar. Normal. Quem vive encolhido em seu mundo tem problemas para se anunciar e escritores quase nunca dão bons vendedores. Estou planejando escrever um texto mais longo sobre isso, sobre como fazer uma boa carta de apresentação, mas a ideia agora é me oferecer para conhecer um pouco mais sobre os projetos de vocês. Escutar e dar pitaco, como nos velhos tempos. Já não sou uma adolescente incompreendida com vício em histórias, agora tenho um pouco mais de conhecimento sobre a criação literária. Então, se vocês têm um projeto e querem uma opinião sincera e profissional sobre ele, estou à disposição para avaliar. Vale tudo: livro de ficção ou não ficção, livro infantil, poesia, crônicas, até newsletter do Substack. Meu consultório de imaginação estará aberto.
Não se preocupem, não vou destruir seus sonhos e nem dizer que a sua ideia é completamente equivocada — a não ser que você me venha com algo tipo “quero escrever um livro sobre um menino órfão que descobre que é bruxo e vai estudar em um castelo que também é uma escola de magia”. POR FAVOR. Também não vou roubar suas ideias (sou bem íntegra e orgulhosa em relação a isso). A minha intenção é oferecer insights e uma visão profissional para incentivá-los a continuar. E vocês sabem o que penso sobre isso: nenhuma ideia é realmente horrorosa, se você souber como trabalhar nela (nem a do menino bruxo. Vai que você quer fazer uma sátira brasileira??). Então, prometo que será uma troca proveitosa. Não precisam ter vergonha porque eu não mordo.
Aqui vão as regras para participar: