Já tinha chorado um tanto hoje, sabe? Pousei de volta na escolha de vida que há dez anos venho sustentando - a de morar do outro lado do oceano e não poder ir ali tomar um café da tarde na casa da irmã ou passar o fim de semana na casa da mãe. Já era difícil sem filho, agora é difícil de um tanto que eu nem imaginava que poderia ser..
Não sabia que ainda tinha choro precisando sair fazendo enxurrada até o peito desapertar. Alguns pratos irão cair por aqui.. e te ler, de alguma forma, faz essa falta de equilíbrio ser menos dolorida.
Com você no pensamento e no coração, desejando que esse baile de parir que você e Cora irão, em breve, dançar seja abençoado.
A gente chora tanto que passa a ser rotina, né? Um beijo em você também, querida. A gente encontra nosso caminho. Minha mãe mora no mesmo país, mas em outra cidade... Minha irmã mora na mesma cidade, mas a 30 km de distância... Sempre vai ser difícil. Acho que ter rede de apoio familiar perto é um luxo. Deixemos os pratos cair, depois a gente cola tudo
Fabiane, primeiro, quero te dar um abraço. Em segundo lugar, preciso te dizer que não sou mãe, esse sonho não se concretizou para mim. Mas sou uma mulher, perseguindo uma carreira literária também, com sonhos em stand-by para cuidar de três idosos, dois em condições mais vulneráveis. Há três anos minha vida mudou radicalmente. Passei dois deles repetindo essa frase: eu não sei como vou fazer ou como eu vou dar conta. Continuo sem essas respostas, mas sei que vou. Às vezes, por uma resiliência e coragem que eu mesma não reconheço; às vezes, na humildade, pedindo e ajudando ajuda. Ainda me pergunto às vezes: e eu? E é nessas horas que eu me recordo de algo muito escasso na nossa sociedade e que aprendi também nessa sociedade: acolhimento. Acolher quem sou, onde estou agora e quem está ao meu redor da melhor forma possível em casa momento. Que o seu medo nunca seja maior que a poesia da vida e as lindas, ainda que difíceis, lições que ela nos traz. Boa hora! Boa vida!
Muito obrigada pelo comentário, Tati. É muito frustrante que os resultados não venham na velocidade que a gente quer. Mas o importante é seguir, mesmo com medo.
Você escreve tão bonito que nenhuma das suas reflexões pessoais acaba em você - elas espirram sempre para o universo. Nunca quis ser mãe, mas vivo um pouco do mistério da maternidade através dos seus textos. Confesso que chegou até a me dar uma pontinha de vontade. Obrigada, Fabi - vai ser bonito; a Cora já nasce com um nome fabuloso. Um beijo
Depois me diz o que o budismo diz sobre as mães... Porque tem hora que eu me sinto assim uma coisa mágica. Obrigada, Surina, a recíproca é verdadeira, seus textos e reflexões também fazem a minha cabeça girar. E a Cora tem destino certo no mundo, eu tenho certeza (para quem não podia engravidar, engravidei dela tão rápido que só podia ser coisa assinalada de antemão)
Fabi, eu te olho e acho que você já faz tanto. Admiro sua força e sua capacidade de criar em meio a tantas demandas. Deve ser o amor pelos filhos; coisa que ainda conheço apenas na beirada do mar. Morro de medo de não saber, de não conseguir manter minha criatividade que anda capenga, de não conseguir garantir a minha filha uma vida digna e afetuosa. Vou aprender fazendo. Que por aí seja um período de mergulho bonito. Você vai conseguir.
Lá vem o homem comentar num post para mulheres... Mas é que eu fiz essa opção. Coloquei a carreira como jornalista no acostamento para ser pai. O pai que fica em casa cuidando dos filhos enquanto a mãe vai perseguir os sonhos. No caso dela, um doutorado. No exterior. Longe de avós, tios, tias... Sem apoio de mão-de-obra externa – babás, empregadas domésticas, cozinheiras... Luca, meu primogênito, tinha 1 ano e 7 meses quando Caio nasceu. Eu também não sabia muito o que fazer, além de trocar fraldas – isso eu fazia bem. No resto, errei bastante. Até hoje, às vezes, me pego lamentando por não ter sido o melhor pai que eles podiam ter. Mas fui aprendendo enquanto errava. Meus meninos são sobreviventes. Passamos quatro anos assim e eu aprendi muito. Não tenho como compartilhar conselhos, cada experiência é única, ainda mais sendo eu um pai, não uma mãe. A única coisa que eu te diria é: faça tudo o que for necessário, mas não pare de escrever. Não encoste a sua carreira. A minha, no jornalismo, jamais voltou do acostamento. Em compensação, bem no meio desse furacão que eu escrevi meu primeiro livro – nos parcos minutos das sonecas da tarde (quando eu não dormia junto com eles), nas noites insones em que avançava, uma frase de cada vez, um capítulo por semana.
O segundo vem pra gente "tentar" "acertar" os erros cometidos com o primeiro. E o lado bom de serem idades próximas é que serão parceiras de brincadeiras. Assim, quando estiverem um pouco maior você terá mais tempo para se dedicar aos seus projetos enquanto elas brincam juntas. Uma boa hora pra você! P.s. Também não tive uma boa experiência com a minha primeira professora aos 7 anos. E agora vejo o quanto isso influenciou em tantas outras coisas na minha vida.
Esse é meu maior consolo... saber que estou dando para a Isabel uma companheira de vida. Eu só preciso de tempo para criar as duas rsrs Obrigada pelo comentário!
João está coberto de razão. Quanto as pessoas, cada vez acho mais que só fingem saber o que as crianças querem. De resto uma boa hora para você. E como diz a sabida da minha mãe, "já deu tudo certo".
Que você possa reconhecer cada vez mais a Deusa no espelho. Não sou mãe e nem quero ser, mas amo seus textos. Obrigada por compartilhar sobre sua experiência com a maternidade. É uma experiência bela, como você. É sobre o seu olhar - e por isso sei que você vai ficar bem, e vai saber o que fazer ❤️
É impossível saber o que está por vir. Não tem nada capaz de nos preparar para este caminho de forma verdadeira e definitiva. Dito isto, recomendo o livro Our babies, Ourselves da Meredith Small. Acho que foi a melhor coisa que li sobre maternidade e foi bem nessa fase, final da gestação da minha segunda. Uma boa hora!
Que texto abraço! A gente nunca está preparado para a reviravolta que um filho traz em nossas vidas, especialmente das mães, mas como voce bem pontuou "a parte boa é muito boa!". Por aqui, quase nascendo o segundo, enquanto a primeira ainda não dorme sozinha (são quase 4 anos) e eu também penso "como iremos dar conta"? Mas a gente sempre dá um jeito, porque é a única alternativa, né? Aprender no caminho. Que seja uma linda aventura por aí, cheia de descobertas. Boa sorte nesta nova jornada a todos vocês!
Isso me lembrou muito meu percurso de análise. Não dá pra saber antes. Nem mesmo esse "como" fazer. O como não existe a priori. Ele se inventa. Só vamos descobrindo ao longo de. E na clínica isso aparece o tempo todo.
Fabiane, me emocionei muito com seu texto. Sou mãe de um menino de 2 anos e 5 meses. Ele foi muito desejado e esperado. Eu e meu companheiro falávamos em ter 2 ou 3 filhos. Desde que Caetano nasceu, contudo, a realidade falou alto e, quando me perguntam se teremos mais filhos, eu respondo: "eu quero, mas acho que não dou conta". Quando formulei essa frase pela primeira vez, me bateu uma tristeza imensa. Porque ter filho, pra nós, é a melhor coisa do mundo. Só que também é a mais difícil. Eu brinco que só agora tenho voltado a me lembrar do meu nome. E nem é todo dia, porque, assim como sua Isabel, meu filho segue acordando à noite. Às vezes, nos brinda com uma noite inteira de sono, mas acorda 5h da manhã com força total. Esse longo período sem dormir direito tem consequências sérias pra gente - no trabalho, nos relacionamentos, na vontade de se cuidar. Fora culpas, receios, todos esses brindes que a gente ganha quando se torna mãe. Mas, como você disse, o amor surreal que nasce em nós e que recebemos de volta vale tudo e nos lembra sempre como é bom viver tudo isso. Não precisamos ser perfeitas, apenas suficientemente boas. Eu sei que não é fácil ter um filho e não imagino como será, para você, ter duas bebês, mas mando daqui meu abraço, minha força e meu desejo de que o amor se multiplique por aí.
Antes da Cora chegar, eu pensava desse jeito. Às vezes acho que ela veio no susto, assim como veio, porque tinha que ser. Racionalmente eu não sei se faria essa escolha. Volto aqui para contar como foi rsrs
Já tinha chorado um tanto hoje, sabe? Pousei de volta na escolha de vida que há dez anos venho sustentando - a de morar do outro lado do oceano e não poder ir ali tomar um café da tarde na casa da irmã ou passar o fim de semana na casa da mãe. Já era difícil sem filho, agora é difícil de um tanto que eu nem imaginava que poderia ser..
Não sabia que ainda tinha choro precisando sair fazendo enxurrada até o peito desapertar. Alguns pratos irão cair por aqui.. e te ler, de alguma forma, faz essa falta de equilíbrio ser menos dolorida.
Com você no pensamento e no coração, desejando que esse baile de parir que você e Cora irão, em breve, dançar seja abençoado.
Um abraço!!
A gente chora tanto que passa a ser rotina, né? Um beijo em você também, querida. A gente encontra nosso caminho. Minha mãe mora no mesmo país, mas em outra cidade... Minha irmã mora na mesma cidade, mas a 30 km de distância... Sempre vai ser difícil. Acho que ter rede de apoio familiar perto é um luxo. Deixemos os pratos cair, depois a gente cola tudo
Fabiane, primeiro, quero te dar um abraço. Em segundo lugar, preciso te dizer que não sou mãe, esse sonho não se concretizou para mim. Mas sou uma mulher, perseguindo uma carreira literária também, com sonhos em stand-by para cuidar de três idosos, dois em condições mais vulneráveis. Há três anos minha vida mudou radicalmente. Passei dois deles repetindo essa frase: eu não sei como vou fazer ou como eu vou dar conta. Continuo sem essas respostas, mas sei que vou. Às vezes, por uma resiliência e coragem que eu mesma não reconheço; às vezes, na humildade, pedindo e ajudando ajuda. Ainda me pergunto às vezes: e eu? E é nessas horas que eu me recordo de algo muito escasso na nossa sociedade e que aprendi também nessa sociedade: acolhimento. Acolher quem sou, onde estou agora e quem está ao meu redor da melhor forma possível em casa momento. Que o seu medo nunca seja maior que a poesia da vida e as lindas, ainda que difíceis, lições que ela nos traz. Boa hora! Boa vida!
Muito obrigada pelo comentário, Tati. É muito frustrante que os resultados não venham na velocidade que a gente quer. Mas o importante é seguir, mesmo com medo.
Você escreve tão bonito que nenhuma das suas reflexões pessoais acaba em você - elas espirram sempre para o universo. Nunca quis ser mãe, mas vivo um pouco do mistério da maternidade através dos seus textos. Confesso que chegou até a me dar uma pontinha de vontade. Obrigada, Fabi - vai ser bonito; a Cora já nasce com um nome fabuloso. Um beijo
Depois me diz o que o budismo diz sobre as mães... Porque tem hora que eu me sinto assim uma coisa mágica. Obrigada, Surina, a recíproca é verdadeira, seus textos e reflexões também fazem a minha cabeça girar. E a Cora tem destino certo no mundo, eu tenho certeza (para quem não podia engravidar, engravidei dela tão rápido que só podia ser coisa assinalada de antemão)
Fabi, eu te olho e acho que você já faz tanto. Admiro sua força e sua capacidade de criar em meio a tantas demandas. Deve ser o amor pelos filhos; coisa que ainda conheço apenas na beirada do mar. Morro de medo de não saber, de não conseguir manter minha criatividade que anda capenga, de não conseguir garantir a minha filha uma vida digna e afetuosa. Vou aprender fazendo. Que por aí seja um período de mergulho bonito. Você vai conseguir.
Mulher, sua criatividade vai aumentar. Não vai ter lugar para colocar tanta alma, você vai ter que criar e escrever. Pode anotar aí.
Anotado ❤️
Lá vem o homem comentar num post para mulheres... Mas é que eu fiz essa opção. Coloquei a carreira como jornalista no acostamento para ser pai. O pai que fica em casa cuidando dos filhos enquanto a mãe vai perseguir os sonhos. No caso dela, um doutorado. No exterior. Longe de avós, tios, tias... Sem apoio de mão-de-obra externa – babás, empregadas domésticas, cozinheiras... Luca, meu primogênito, tinha 1 ano e 7 meses quando Caio nasceu. Eu também não sabia muito o que fazer, além de trocar fraldas – isso eu fazia bem. No resto, errei bastante. Até hoje, às vezes, me pego lamentando por não ter sido o melhor pai que eles podiam ter. Mas fui aprendendo enquanto errava. Meus meninos são sobreviventes. Passamos quatro anos assim e eu aprendi muito. Não tenho como compartilhar conselhos, cada experiência é única, ainda mais sendo eu um pai, não uma mãe. A única coisa que eu te diria é: faça tudo o que for necessário, mas não pare de escrever. Não encoste a sua carreira. A minha, no jornalismo, jamais voltou do acostamento. Em compensação, bem no meio desse furacão que eu escrevi meu primeiro livro – nos parcos minutos das sonecas da tarde (quando eu não dormia junto com eles), nas noites insones em que avançava, uma frase de cada vez, um capítulo por semana.
Muito obrigada por compartilhar sua experiência, Ferdinando (e nenhum problema em ser homem, o post é universal). É muito bom também escutar um pai!!
Força, querida Fabi. Não se preocupe com os textos, a gente espera! Que Cora venha saudável! <3
Obrigada, amore. Amém, que ela chegue muito bem
Sou desse time! Não se preocupe com os textos, a gente espera! 😉🥰
O segundo vem pra gente "tentar" "acertar" os erros cometidos com o primeiro. E o lado bom de serem idades próximas é que serão parceiras de brincadeiras. Assim, quando estiverem um pouco maior você terá mais tempo para se dedicar aos seus projetos enquanto elas brincam juntas. Uma boa hora pra você! P.s. Também não tive uma boa experiência com a minha primeira professora aos 7 anos. E agora vejo o quanto isso influenciou em tantas outras coisas na minha vida.
Esse é meu maior consolo... saber que estou dando para a Isabel uma companheira de vida. Eu só preciso de tempo para criar as duas rsrs Obrigada pelo comentário!
João está coberto de razão. Quanto as pessoas, cada vez acho mais que só fingem saber o que as crianças querem. De resto uma boa hora para você. E como diz a sabida da minha mãe, "já deu tudo certo".
Que você possa reconhecer cada vez mais a Deusa no espelho. Não sou mãe e nem quero ser, mas amo seus textos. Obrigada por compartilhar sobre sua experiência com a maternidade. É uma experiência bela, como você. É sobre o seu olhar - e por isso sei que você vai ficar bem, e vai saber o que fazer ❤️
É impossível saber o que está por vir. Não tem nada capaz de nos preparar para este caminho de forma verdadeira e definitiva. Dito isto, recomendo o livro Our babies, Ourselves da Meredith Small. Acho que foi a melhor coisa que li sobre maternidade e foi bem nessa fase, final da gestação da minha segunda. Uma boa hora!
Vai dar bom! Sempre tem um lápis azul e um vermelho. O roxo vem! Desejo um ótimo parto! ❤️
Que texto bonito e emocionante.
Sou mãe de dois e te afirmo, a vida fica mais divertida!
Que bom, isso me deixa feliz!! Obrigada
A maternidade é uma grande e bela (a)ventura! A gente nunca sabe direito como vai ser, mas vai ser lindo… uma boa hora pra você, Fabi!
Obrigada querida
Que texto abraço! A gente nunca está preparado para a reviravolta que um filho traz em nossas vidas, especialmente das mães, mas como voce bem pontuou "a parte boa é muito boa!". Por aqui, quase nascendo o segundo, enquanto a primeira ainda não dorme sozinha (são quase 4 anos) e eu também penso "como iremos dar conta"? Mas a gente sempre dá um jeito, porque é a única alternativa, né? Aprender no caminho. Que seja uma linda aventura por aí, cheia de descobertas. Boa sorte nesta nova jornada a todos vocês!
É o que falei para minha psicóloga: eu vou passar por isso e vou ficar inteira, não tenho outra escolha! Obrigada pelo comentário
Isso me lembrou muito meu percurso de análise. Não dá pra saber antes. Nem mesmo esse "como" fazer. O como não existe a priori. Ele se inventa. Só vamos descobrindo ao longo de. E na clínica isso aparece o tempo todo.
Eu acho muito interessante essa perspectiva clínica (embora tenha pouco conhecimento). Poeticamente falando, sinto bem como é
Fabiane, me emocionei muito com seu texto. Sou mãe de um menino de 2 anos e 5 meses. Ele foi muito desejado e esperado. Eu e meu companheiro falávamos em ter 2 ou 3 filhos. Desde que Caetano nasceu, contudo, a realidade falou alto e, quando me perguntam se teremos mais filhos, eu respondo: "eu quero, mas acho que não dou conta". Quando formulei essa frase pela primeira vez, me bateu uma tristeza imensa. Porque ter filho, pra nós, é a melhor coisa do mundo. Só que também é a mais difícil. Eu brinco que só agora tenho voltado a me lembrar do meu nome. E nem é todo dia, porque, assim como sua Isabel, meu filho segue acordando à noite. Às vezes, nos brinda com uma noite inteira de sono, mas acorda 5h da manhã com força total. Esse longo período sem dormir direito tem consequências sérias pra gente - no trabalho, nos relacionamentos, na vontade de se cuidar. Fora culpas, receios, todos esses brindes que a gente ganha quando se torna mãe. Mas, como você disse, o amor surreal que nasce em nós e que recebemos de volta vale tudo e nos lembra sempre como é bom viver tudo isso. Não precisamos ser perfeitas, apenas suficientemente boas. Eu sei que não é fácil ter um filho e não imagino como será, para você, ter duas bebês, mas mando daqui meu abraço, minha força e meu desejo de que o amor se multiplique por aí.
Antes da Cora chegar, eu pensava desse jeito. Às vezes acho que ela veio no susto, assim como veio, porque tinha que ser. Racionalmente eu não sei se faria essa escolha. Volto aqui para contar como foi rsrs