lembrei do relato do moacyr scliar, que era médico, profissão que impedia que tivesse rotina. atendia o telefone e voltava de onde tinha parado. me ocorreu que os teclados bluetooth se ligam no celular, e imaginei um combo de nenê e teclado na barriga, o celular na vertical encostado num copo, na mesa lateral... acho que dá rock, hein?
Esse texto chegou na minha caixa de entrada bem quando eu sentei na frente do computador e pensei "Hoje não vai dar pra escrever, tô sem tempo". Por isso só li dias depois, e mesmo assim foi totalmente adequado!
Achei o máximo você falar que escreve primeiro na cabeça, me identifiquei demais. No outro dia, tive uma epifania e contei pra minha esposa o que iria acontecer no livro que estou escrevendo - algo grande na história. Ela disse "Anota pra não esquecer!" e eu respondi "Não preciso anotar isso, no fundo da mente tô sempre pensando nisso", e acho que é bem nessa. Mesmo que seja só com um fio de pensamento, essas histórias nunca saem da nossa cabeça - até sair, mas no papel.
Caramba, que texto mais oportuno para eu ler - assim me sinto menos sozinha e mais esperançosa! Como mãe de uma bebê (sem babá e que só foi para a escola recentemente e apenas por meio período) que está tentando escrever um livro (de receitas) tenho lido muito sobre esse tema. Foi então que descobri o termo mother-writer. Já ouviu falar? Justamente as mães escritoras que se desdobram para continuar escrevendo mesmo que cuidando de seus filhos. Há relatos de mães compartilhando esconderijos em casa para que as crianças não as encontrem, mães que escrevem livros inteiros dentro do carro esperando o filho sair da natação e por aí vai. Vi até um grupo que se reúne online para escrever. Cada uma escreve no seu quadrado, mas estão todas online e "juntas" como forma de incentivo.
Que sensacional, nunca tinha ouvido falar!! Isso é um carinho para mim, estou realmente preocupada em como gerenciar meus projetos criativos depois que a pessoinha estiver por aqui, mas ver outras mães fazendo isso é uma forma de saber que vai dar tudo certo. Vou ler agora mesmo, obrigada pela indicação, Lena!
"No passado, desviei muitas horas de trabalho CLT para escrever ficção". Eu atualmente hahaha. E também no ônibus, indo e voltando do trabalho, usando o maravilhoso bloco de notas do cel. É a vida muito adulta de alguém tentando.
eu adoraria usar esse teu texto para responder aos posts de outras pessoas reclamando sobre as dificuldades de escrever, publicar e conciliar a vida com isso tudo.
Fabiane, vc teve a delicadeza de dar a real que um monte de gente não entende. fico feliz de ter encontrado a tua escrita. boa sorte nessa linha reta da gravidez.
Querida Fabiane, o seu texto é tão elegante mas tão elegante que fico presa na palavra boleto para ver se você escreveu boleto mesmo ou se tem alguma magia por trás, só pode!
Eu também, escrevo tanto em pensamento, que meu companheiro acha que tenho crises de ausência, o que, no fundo, eu acho que é mesmo, pelo menos deste mundo.
Jun 15, 2023·edited Jun 15, 2023Liked by Fabiane Guimarães
Fabiane, tudo bem?! Cheguei faz pouco aqui e gosto muito de como você escreve. Também sou escritora, pari um livro. Outros filhos, ainda nenhum. Mas, garanto, padeço deste mesmo mal: medo de não ter mais palavras, de que elas me faltem, de que me abandonem. Para além do medo de não ter mais o desejo pela escrita, carrego o pavor de ter o desejo e não encontrar as palavras.
Oi, Andreza! Seja bem-vinda ao puxadinho. Uma coisa que eu concluí a partir desse medo besta (quase todo medo é meio besta, né?), é que escrever não é um recurso finito, do tipo que se esgota. Então, a gente tem mais é que ter coragem de seguir, é o que a vida exige da gente, como diria o meu tio Guimarães Rosa.
Vi aqui que você apoiou a news, muito obrigada e espero que os próximos textos sejam proveitosos!
lembrei do relato do moacyr scliar, que era médico, profissão que impedia que tivesse rotina. atendia o telefone e voltava de onde tinha parado. me ocorreu que os teclados bluetooth se ligam no celular, e imaginei um combo de nenê e teclado na barriga, o celular na vertical encostado num copo, na mesa lateral... acho que dá rock, hein?
É uma boa ideia, viu! Vou até adquirir um....
E como sua recente assinante paga reforço: façam a assinatura paga, vale (bem além de) cada real pago! Como adoro ler seus textos...
Muito obrigada <3 <3
Esse texto chegou na minha caixa de entrada bem quando eu sentei na frente do computador e pensei "Hoje não vai dar pra escrever, tô sem tempo". Por isso só li dias depois, e mesmo assim foi totalmente adequado!
Achei o máximo você falar que escreve primeiro na cabeça, me identifiquei demais. No outro dia, tive uma epifania e contei pra minha esposa o que iria acontecer no livro que estou escrevendo - algo grande na história. Ela disse "Anota pra não esquecer!" e eu respondi "Não preciso anotar isso, no fundo da mente tô sempre pensando nisso", e acho que é bem nessa. Mesmo que seja só com um fio de pensamento, essas histórias nunca saem da nossa cabeça - até sair, mas no papel.
Eu vivo contando para o João também hahahaha cônjuges compreensivos os nossos...
Caramba, que texto mais oportuno para eu ler - assim me sinto menos sozinha e mais esperançosa! Como mãe de uma bebê (sem babá e que só foi para a escola recentemente e apenas por meio período) que está tentando escrever um livro (de receitas) tenho lido muito sobre esse tema. Foi então que descobri o termo mother-writer. Já ouviu falar? Justamente as mães escritoras que se desdobram para continuar escrevendo mesmo que cuidando de seus filhos. Há relatos de mães compartilhando esconderijos em casa para que as crianças não as encontrem, mães que escrevem livros inteiros dentro do carro esperando o filho sair da natação e por aí vai. Vi até um grupo que se reúne online para escrever. Cada uma escreve no seu quadrado, mas estão todas online e "juntas" como forma de incentivo.
Recomendo essa leitura aqui: https://laurapashby.substack.com/p/mother-writer Ao longo do texto ainda tem outras dicas de leituras sobre o tema!
Que sensacional, nunca tinha ouvido falar!! Isso é um carinho para mim, estou realmente preocupada em como gerenciar meus projetos criativos depois que a pessoinha estiver por aqui, mas ver outras mães fazendo isso é uma forma de saber que vai dar tudo certo. Vou ler agora mesmo, obrigada pela indicação, Lena!
"No passado, desviei muitas horas de trabalho CLT para escrever ficção". Eu atualmente hahaha. E também no ônibus, indo e voltando do trabalho, usando o maravilhoso bloco de notas do cel. É a vida muito adulta de alguém tentando.
O que o patrão não vê, ele não sente 🙈
"Estou bastante acostumada a fabricar o tempo."
Mando um abraço gigante <3
eu adoraria usar esse teu texto para responder aos posts de outras pessoas reclamando sobre as dificuldades de escrever, publicar e conciliar a vida com isso tudo.
Fabiane, vc teve a delicadeza de dar a real que um monte de gente não entende. fico feliz de ter encontrado a tua escrita. boa sorte nessa linha reta da gravidez.
abraço.
Que legal receber um comentário seu, Vanessa, a recíproca é verdadeira!
Vamos seguindo. Não é fácil, mas é o que a gente quer fazer.
Querida Fabiane, o seu texto é tão elegante mas tão elegante que fico presa na palavra boleto para ver se você escreveu boleto mesmo ou se tem alguma magia por trás, só pode!
Eu também, escrevo tanto em pensamento, que meu companheiro acha que tenho crises de ausência, o que, no fundo, eu acho que é mesmo, pelo menos deste mundo.
Um beijo!
Sei bem como são essas crises de ausência... mas não existe desaparecimento melhor.
Obrigada pelo comentário, fiquei feliz aqui.
Fabiane, tudo bem?! Cheguei faz pouco aqui e gosto muito de como você escreve. Também sou escritora, pari um livro. Outros filhos, ainda nenhum. Mas, garanto, padeço deste mesmo mal: medo de não ter mais palavras, de que elas me faltem, de que me abandonem. Para além do medo de não ter mais o desejo pela escrita, carrego o pavor de ter o desejo e não encontrar as palavras.
Obrigada por escrever.
Andreza
Oi, Andreza! Seja bem-vinda ao puxadinho. Uma coisa que eu concluí a partir desse medo besta (quase todo medo é meio besta, né?), é que escrever não é um recurso finito, do tipo que se esgota. Então, a gente tem mais é que ter coragem de seguir, é o que a vida exige da gente, como diria o meu tio Guimarães Rosa.
Vi aqui que você apoiou a news, muito obrigada e espero que os próximos textos sejam proveitosos!
Que texto mais lindo!