Comecei a ler puxada pelo título e pensando "essa mulher é muito f$&@, ela tem que ganhar MILHÕES com seu trabalho" e do nada me deparo com uma citação a mim! 😍 É exatamente isto, temos que entender que trabalho criativo não é bagunça, é trabalho. E a remuneração é a consequência honesta, ética e merecida desta troca!
Eu acho que esta maldade (não encontro outra palavra) do artista não remunerado é uma crença que em algum momento enfiaram nos artistas e eles acreditaram. Por ter feito o caminho inverso - uma administradora que amava ler e escrever e mudou de lado - foi pra mim de certa forma mais fácil não aceitar esta falácia. E agora quero brigar por todos nós, que vivemos da escrita!
Acho que a raiz do problema está na dificuldade de enxergar valor em algo que é puramente imaginativo. Ninguém tem vergonha de apresentar uma tese acadêmica, ou de enfileirar números de uma performance que pode ser medida, mas ter confiança de apresentar algo criativo é muito difícil. Essa percepção de valor, que começa sendo intelectual, cresce e se transfere para a percepção monetária. Sem falar que os artistas quase sempre são pessoas meio sensíveis, sem jeito para transações sociais. Daí a importância da gente também aprender a se vender. Eu também estou aprendendo
Precisamos muito de mais pessoas falando sobre gestão financeira para artistas. Sou roteirista e rolou um debate sobre isso em um grupo do zap que participo. Como lidar com períodos de altas e baixas? Como se resguardar financeiramente? Como precificar o seu trabalho? O que você deve levar em conta para cobrar o que você cobra? E por aí vai...
Mayra, tem um livro sobre isso. é um compilado de ensaios de pessoas das artes sobre organização- eu comprei há anos e tô lendo a conta-gotas pra um ensaio que eu mesma tô trabalhando-, se chama "Mobile autonomy: exercises in artists' self-organization", infelizmente só em inglês mesmo. mas fala da questão do gerenciamento financeiro para artistas plásticos e, na minha humilde opinia,serve para todas as modalidades de arte.
"Para viver de arte e ganhar algum cascalho, no entanto, é preciso trabalhar muito. É um investimento com pouquíssima previsão de retorno. A satisfação é periódica. Só recomendo em caso absoluto de paixão."
Vi tanto da minha vida escritora aqui. Mas no caso da minha, sem cascalho...
O meu grande aprendizado da vida adulta foi a percepção de que quero ser artista, mas não uma artista profissional. Acho ótimo escrever literatura só nas horas vagas, sem a preocupação de ter leitores pra pagar as contas. "É só uma miragem de um desejo, uma daquelas invenções utópicas que a gente constrói para imaginar que a vida poderia ser melhor, ignorando toda a parte sofrida do processo." Nessa frase, você conseguiu resumir perfeitamente as minhas crises existenciais sobre o assunto.
Gostei muito do texto! Me trouxe verdades duras que eu precisava entrar em contato! Agora estou repensando tudo. Muito obrigado Fabiane, você me ajudou muito! 😊
Se o Substack permitisse sublinhar o texto, eu marcaria todo ele. Te admiro muito, Fabi!
Comecei a ler puxada pelo título e pensando "essa mulher é muito f$&@, ela tem que ganhar MILHÕES com seu trabalho" e do nada me deparo com uma citação a mim! 😍 É exatamente isto, temos que entender que trabalho criativo não é bagunça, é trabalho. E a remuneração é a consequência honesta, ética e merecida desta troca!
Na verdade eu preciso aprender mais com você 😂😂😂
Eu acho que esta maldade (não encontro outra palavra) do artista não remunerado é uma crença que em algum momento enfiaram nos artistas e eles acreditaram. Por ter feito o caminho inverso - uma administradora que amava ler e escrever e mudou de lado - foi pra mim de certa forma mais fácil não aceitar esta falácia. E agora quero brigar por todos nós, que vivemos da escrita!
Acho que a raiz do problema está na dificuldade de enxergar valor em algo que é puramente imaginativo. Ninguém tem vergonha de apresentar uma tese acadêmica, ou de enfileirar números de uma performance que pode ser medida, mas ter confiança de apresentar algo criativo é muito difícil. Essa percepção de valor, que começa sendo intelectual, cresce e se transfere para a percepção monetária. Sem falar que os artistas quase sempre são pessoas meio sensíveis, sem jeito para transações sociais. Daí a importância da gente também aprender a se vender. Eu também estou aprendendo
Precisamos muito de mais pessoas falando sobre gestão financeira para artistas. Sou roteirista e rolou um debate sobre isso em um grupo do zap que participo. Como lidar com períodos de altas e baixas? Como se resguardar financeiramente? Como precificar o seu trabalho? O que você deve levar em conta para cobrar o que você cobra? E por aí vai...
Mayra, tem um livro sobre isso. é um compilado de ensaios de pessoas das artes sobre organização- eu comprei há anos e tô lendo a conta-gotas pra um ensaio que eu mesma tô trabalhando-, se chama "Mobile autonomy: exercises in artists' self-organization", infelizmente só em inglês mesmo. mas fala da questão do gerenciamento financeiro para artistas plásticos e, na minha humilde opinia,serve para todas as modalidades de arte.
Nossa Vanessa, muito obrigada pela indicação. Com certeza irei ler. E quando seu ensaio tiver pronto quero muito ler tanbem ❤️
O único alívio da dificuldade de escrever é saber que não estamos sozinhos. Me identifico e me inspiro demais em você.
Acho que foi o melhor texto da sua news que eu já li. E olha que a competição é dura!
Gosto desses fragmentos que giram ao redor de um tema. E nos sensibilizam.
Como já falei por aqui antes, ter uma carreira literária é de uma coragem e disposição enormes. Jamais enfrentaria isso.
"Para viver de arte e ganhar algum cascalho, no entanto, é preciso trabalhar muito. É um investimento com pouquíssima previsão de retorno. A satisfação é periódica. Só recomendo em caso absoluto de paixão."
Vi tanto da minha vida escritora aqui. Mas no caso da minha, sem cascalho...
Caramba! Todo mundo tem que ler isso!!!
O meu grande aprendizado da vida adulta foi a percepção de que quero ser artista, mas não uma artista profissional. Acho ótimo escrever literatura só nas horas vagas, sem a preocupação de ter leitores pra pagar as contas. "É só uma miragem de um desejo, uma daquelas invenções utópicas que a gente constrói para imaginar que a vida poderia ser melhor, ignorando toda a parte sofrida do processo." Nessa frase, você conseguiu resumir perfeitamente as minhas crises existenciais sobre o assunto.
E está tudo bem, viu?? Você não será menos artista por isso!
bonita demais a reflexão, querida!
parabéns pelo sucesso dos livros, Fabi! e sobre as questões da valorização da arte: é tudo questão de classe. haha
precisamos de um boteco ;)
Gostei muito do texto! Me trouxe verdades duras que eu precisava entrar em contato! Agora estou repensando tudo. Muito obrigado Fabiane, você me ajudou muito! 😊
toda minha admiração por quem consegue brisar tão lindamente assim
A bagunça, o caos fragmentado, as reflexões… bateu demais aqui! Obrigada por tanto e parabéns pelas contas pagas com literatura!
Ainda que esporadicamente, continuar vale a pena <3
Um ótimo texto para uma pessoa em crise existencial e de carreira: eu.
Ainda nos perrengues de uma CLT e nos perrengues de querer ser essa tal escritora.
E ainda cometo o erro terrível de ler Álvaro de Campos e sua Tabacaria:
"Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão".
Gosto do formato de aforismos dessa edição. Me sinto passeando nas suas ideias. Beijo e parabéns pelas vendas 📚
Sua cabeça fragmentada é uma delícia. E faz muito mais sentido que a minha.