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"Um escritor também é um agente de reciclagem. Disso não se fala, do quanto a gente mexe com o lixo da própria mente." Esta sua frase é definitiva, Fabiane. É isso mesmo. Também sou como você, estou revisando meu romance e estanco no primeiro parágrafo cada vez que abro o arquivo. Por falar nisso, cito aqui dois parágrafos que para mim são também imbatíveis. O de Cem anos de solidão, com Aureliano Buendia em frente ao pelotão de fuzilamento lembrando da pedra de gelo, é inesquecível. E o primeiro parágrado de Terra Sonâmbula, de Mia Couto, Este me impactou tanto, que tive que ligar para um amigo e ler em voz alta ao telefone, tamanha a minha necessidade de compartilhá-lo com alguém. No mais, linda a tua news, como sempre. Parabéns. Abração.

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Por acaso eu tenho o Terra Sonâmbula por aqui, fui até conferir. De fato, bem lindo. Obrigada por ler e comentar!

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O berro que eu dei no trecho: " Então é assim que você faz as coisas, sua doida".

Concordo com você, os primeiros parágrafos precisam de esmero, como num jogo de sedução, é ele que leva o leitor com o livro pra cama, rs. Eu comecei o meu romance pelo final, não recomendo.

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Gente, deve ter sido um desafio haha eu nem sei o final dos meus rs

Obrigada por ler!

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Também gosto de bons começos e os do Gabo estão na minha lista também :)

Só uma coisa: o motivo que faz escritores repudiarem o chatgpt é o mesmo que faz artistas se voltarem contra essas tecnologias que “criam” a partir da apropriação alheia. Assim, seria melhor usar uma imagem de um banco de imagens do que a partir de uma ferramenta de IA.

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dentre meus começos preferidos:

clássico:

“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de pau a pique e telhados de sapê, construídas na beira de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las era preciso apontar com o dedo.”

(Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão, tradução Éric Nepomuceno)

contemporâneo:

“The day Somebody McSomebody put a gun to my breast and called me a cat and threatened to shoot me was the same day the milkman died. He had been shot by one of the state hit squads and I did not care about the shooting of this man. Others did care though, and some were those who, in the parlance, ‘knew me to see but not to speak to’ and I was being talked about because there was a rumour started by them, or more likely by first brother-in-law, that I had been having an affair with this milkman and that I was eighteen and he was forty-one.”

(Anna Burns, Milkman)

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também sou de ler o primeiro parágrafo na livraria é já me interessar ou não pelo livro, tem um tom, uma atmosfera

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Eu adoro o começo de Lolita “light of my life, fire of my loins”…

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Ah, sim, esse é um clássico também! Bem lembrado

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é isso que eu chamo de sincronicidade. encontrei a abertura do meu romance esta semana, não vejo a hora de compartilhar contigo <3 e de ler esse seu novo romance também.

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Quero ler!!!! <3

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É bem lugar-comum, mas eu adoro a primeira frase (que também é o primeiro parágrafo) de Orgulho e Preconceito: "É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, em posse de grande fortuna, deve estar procurando uma esposa." Pronto, estava fisgada.

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Que lindoooo

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Ah... sempre me pego nos começos também... às vezes demoro a engrenar um texto pensando demais justamente em como abri-lo, lapidando as ideias e as frases. Quanto a exemplos de livros, não tem como não me lembrar de A Hora da Estrela...

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